Bem Vindo

Seja bem-vindo. Hoje é

23 de dezembro de 2012

Labuta
















Certa vez, fui honrado com aquele fardo.
Tive todas as estrelas em um só olhar,
Com todo domínio sobre elas contemplado
E os sonhos embebidos na coragem de lutar.


Certa vez, fui honrado com aquelas asas.
Tive todo um firmamento pra fazer ilhéu,
Para dar-me pose do que não desaba
E golpeia os cétros dos que falam e cospem fel.


Quantas vezes? me deleitei de um ócio calmo,
Gozei sossego que o pobre peito reserva.
Vi alvuras do seu colo nu, tão bem cuidado,
E fui respeito, paz, cautela, resignado!


Hoje tenho firme chão e mesmo estado;
Chamas altas de promessas que me fiz,
Mil canções de amor, nas quais exilado
Sou na mórbida sombra o apaixonado infeliz. 

9 de dezembro de 2012

Sozinho





















De olhos rapinos postos no horizonte da esperança,
Ansiava, desesperava  ao tentar amortecer a queda.
Quantas promessas..., fui o calabouço das palavras
Mais precisas; daquelas que não tomaram corpo,
E para quê? Para prover-me de pudores pobres,
Pensando, debilmente, respeitar-lhe o direito de não
Ser amada?!
                     Talvez só Deus explique o medo de errar
De quem quer transbordar amor., ver o viço de carinhos
Primários atingir maior-idade. E lascivos, um dia, pousarem
Sobre vélo adornador das mais jovens e aguádas entranhas,
Procurando perder-se voluntariamente nos Alpes das coxas
Quentes e vigorosas da mulher que o desfez em seixos 
Microscópicos, num arquear convulso de rebelde colo,
Num arquejar complexo, de desejo virulento por uns
Pegares "violentos", ou, pequenos versos que a certifique 
Do  bom disso tudo. 

18 de novembro de 2012

Sonêto Morno





















Chove por estes dias.
O pior é que não torrencialmente.
Antes fossem de águas bravias,
Que esse pouco pingar insistente .

Chovem chuvas de espera,
Daquelas que não lhe deixam sair.
Chuvas de  triste atmosféra
Que nos impede um mínimo sorrir.

São-me as chuvas mais vazias,
Ante as que regavam o nosso sonhar...,
Que florescer o broto dos desejos fazia;

São-me as chuvas de um verão cruel,
Apartando dos lençóis aquele mel
Que à nossa alcôva no inverno abastecia.

28 de outubro de 2012

Houston ? Houston ?...






















Meu mundo não é desse mundo,
Não é desse fundo falso.
Meu mundo é mais profundo
Que o escuro fundo no imenso espaço.
Meu mundo não é das pessoas,
Não acomoda ideias simples;
Vai nas asas de ideias que voam.
Para longe do que sei que existe.
Meu eu, é meu mundo. Problema meu!
Não acomoda o não excêntrico.
Não abandona o meu vital direito
De ser eu. É meu mundo.Problema meu!
Minha vida não é meu mundo.
Não é meu sonho de ser eu.
Minha vida é pena; a cela é o breu.
Minha vida é outro mundo; não o meu.
Perdoem-me a santa vileza crua!
Eu às massas nascido não o sou-lhes.
Não sou passadas preenchendo ruas
Com cantigas, ou van-guardas de amores.
Meu mundo não é desse mundo,
Não é ou será o bom sócio que imaginas;
Pois se entendido fosse nessa vida;
Não mais me enxergaria nesse mundo.




14 de outubro de 2012

Conta fechada


















Minha tristeza, de teimosa, transcende.
Vai do que é lúcido, certo e mordaz 
Ao impuro, trevoso e audaz,
Transfigurando em fraco o  valente.

Ela salta. Vigorosa, renitente...
Vem-me tão grandiosa, linda e poética,
Mordendo, ímpia e patética.
Guerreando à uma paz inocente.

Minha tristeza, dama vã, esperneia,
Balbucia coisas, nem louca o dissesse...
Se prorroga, sufoca e ateia
O fogo em mim do que o humano desconhece. 

Eu só queria, dama vã, felicitar-lhe
Pelo que pôdes, insensível e seca,
Sem receio ou remorso dar-me:
Tua indiferença, tal sagrada ceia.


30 de setembro de 2012

A musa























Há dias em que a musa encontra-se alucinada;
Vem-me de tal modo num golpe irrefreável,
Maldizendo, pejorando enraivecida o sonho,
Transmutando sonho doce em amargo.

Há dias em que a musa encontra-se exilada
Nos faróis de sanidades frias e tediosas;
Procurando síncopes que me travem a poesia,
Ou chorado-as macilentas, desditosas.

16 de setembro de 2012

Mariangel























"Quantas vezes preciso seria dizer não
À nossa mais tresloucada fantasia,
Sem perder o doce prazer da infinda ilusão;
Para desfazer-se do que ao abismo lhe principia?"

Eu te amei com força, brio e afinco tal,
Que neste instante anestésico de poesia
A teu lúdico afastar-se vil e banal;
Brindo a solidão de viver como feliz viveria.

Ah! ingratidão lúcida, maléfica e consciente!
Fui de alma, gestos e gracejos indizíveis 
O terno, imaculado e garrido anjo somente;
Sob tuas asas andrajosas,néscias incompreensíveis.

Dou-te um dia - quem sabe-louros ébrios de absoluição;
Palavras tontas de carinho e bem devido apreço.
Elogios à grandeza firme de tua clara decisão,
De privar-me indúbita  do que penso que mereço.


6 de setembro de 2012

Você nem sabe...
















Qual a dor de perca, parcial ou infinita,
Que não faz mortificado o ser vivente,
Que não sai ao resgatar - agora ausente
O que foi-lhe de estima toda a vida?

Qual a dor de  perca, já sabida ou súbita,
Que não faz pequeno ao ser gigante,
Que não faz baratinar o todo consciente,
O que foi-lhe a esperança mais bonita?

A perca tem alma, corpo, sentimento, olhar saudade...
Consequentemente, alguém sofre.

12 de agosto de 2012

Luz morena ( Lúci )













É  de uma luz, morena..., É tanto o teu chegar,
O teu estar, até partir, que me esqueço
Totalmente lamentar
A falta enferma que irei sentir.
Abobalhados edifícios!..., Via-os à tua caça.
Na tua graça, na tua pirraça os vi presos
A um jeito só teu de fazê-los sumir.

É de uma luz, morena..., É tanto o teu sorriso,
O teu lutar, o teu grande ofício 
De o tempo retardar,
Quando ele tenta te engolir.
Abobalhadas feras!... Pétreos costumes,
Julgos vis, olhos hostis, vejo-os longe
De ferirem teu jeito de ser feliz.

É luz do sol,
É luz da lua...
É  de uma luz morena..., És tão luz!... 

29 de julho de 2012

Aportar!















Meu coração as vezes campônio
Detesta os domingos.
Sente neles ardores de álcool,
Perfumes baratos e mal pensados;
Sente as pressas de num só dia viver todos.
E como agonia o coração campônio 
Um tal dificultar do que é simplesmente 
Deglutir acariciando, amando plenamente,
Porque gostar e viver é sentirmos o todo.
Meu coração as vezes campônio 
Detesta os domingos que cheiram e inspiram fim.
Domingos de humanos sós, em hospitalares leitos Sufocados,
De abraços interrompidos ao invés de comungados.
As vezes, até eu detesto esses domingos.
Meu coração campônio,estarrecido todos os domingos,
Chega a estressar esse que escreve sem muito importar-se 
Com  os domingos lacerados de era tensa.Todavia entendo-o.
No sétimo dia, Deus que é Deus, descansou.

3 de junho de 2012

Súplicas





















" Fechar os olhos antes do apagar das luzes seria um privilégio."
" Saber o próprio fim, um sacrilégio."
  Eu bem podia estar morto.Pois esse questionamento 
  Só nos mostra o tormento
  De estar onde estamos, no alto, musa;
  No mais alto de nós.
  Sinto-me chegando, a cada dia, no aplacar
  Do que não posso, do que não devo.
  Meus restos de raciocínio pedem, imploram
  Que eu deixe a obrigação de cantá-la.
  Musa, personifica-te de uma vez,
  Ou deixa a licença de ser menos que o sonho
  Me assaltar, deixa-me comum, homem como os homens.
  É minha lástima não alargar
  Precisamente os passos e o abraço nesta causa.
  Sou  o homem das suas e de outras horas;
  Dualidade imutável.
 

20 de maio de 2012

Virás















Exilado de ser teu concretamente 
Não reclamo tanto da situação.
Tendo-lhe em meus sonhos constantemente 
Viva, és mais forte no meu coração.


Sábia força que me anima os dias frágeis,
Que impõe provas à minha devoção.
Vou além dos sacrifícios inimagináveis 
Obedecendo as dores vis da solidão.


Te escrevo agora de um porão cá no meu peito,
Repaginando tudo aquilo  que de bom guardei;
Revendo os sonhos que irrompem sem parar.


Te escrevo agora embriagado do meu jeito,
Retorcendo orgulho enquanto ferro quente, e sei:
Invento insônias para não perder o seu voltar.

6 de maio de 2012

" Meu bem "





















Todo agora em polvorosa. Me sinto assim.
Há um perder-te de vista que me toma
O traçado certo - já tão pouco - do que fazer de nós,
Quando em meu leito estou deserdado do prazer
De sempre perto estar de você.
É desoladora a franqueza do relógio,
Varando a madrugada me enfrentando.
Trazendo-me à lembrança o prado
Do seu olhar, em horas felizes, antes dessas tristes.
O vivo dos gélidos ventos atacam meus tímpanos,
Sinfonia desregrada, insípida.
Já o meu bem canta do próprio ninho.
Desfaz distância e silêncio, deita no meu 
Lembrar, mas sem cansaço,
Apenas viçosa nota.
O bom, meu bem, é descobrir o quão selvagem
Necessário é ser quando amante,
Para sobreviver ao oscilar desses instantes;
Porque a eles sobrepor-se é
Vitória de amor.




22 de abril de 2012

Não me expliquem






















Como abster-se  da missão de penar,
Tendo consciente me mergulhado
Na roleta do amar?
Fugir da noite que engole o dia,
Dessa cruz que fabricamos,
Da encomendada agonia?
Não, amigos.
Não se pode muito contra os ideais.
Além do quê, governa-nos
Egoisticamente, o " não saber do que virá",
O descobrir da cumplicidade.
O claustro, amigo... o doce claustro.
Como é bom esses sangrar, a violência
Com que irrompe-nos o peito
O arroubo amante.
Quem não pagaria com todo seu ouro
Pela posse do sorriso mais ensolarado
De uma vida toda?
Assim sendo, ame! mortal, seguramente,
É não embanar os versos, é tentar entender
O divino abestalhamento.


25 de março de 2012

Frei Paulo, 1998.















Nada como velhas cartas...
Sob farta nuvem de lembranças, serenamente,
Se abanca o ser pensante no delírio mais descomunal;
Totalmente vulnerável ao tocar dos sinos mais impensáveis.
Montam-se cerebrais imagens que de prévios planos
Pouco se distanciam. A inevitável ilusão do - como seria-
Sombreia imponente qualquer desígnio de razão,
Nos prende despudoradamente àquele instante
Em que sonhar é realidade, é fato.
Apaga-se toda e qualquer luz de um olhar, de um estalar
De uma ideia contrária àquela perdição.
Vai-se o ser humano, fica o imaginário comportamento, dedicado
À causa de sentir o doce dos momentos em que aquelas
Palavras foram escritas.

11 de março de 2012

Certezas














 


Quando vieres mais cansada que o normal
Terás o regaço neste que te espera.
Darte-ei o frescor das vinhas de Portugal
Com calmaria e sabores de primavera.

Quando te encimares, tal bandeira de vitória,
E pisares firme noutra longa caminhada,
Hei de ser sincero a apoiar-te em tua glória,
Mesmo que meu peito chore ainda em disparada.

Vou dizer-lhe logo um - "Boa sorte"- amargurado.
Meu desejo eterno de que fique todo sempre
Sofrerá revés que me fará mortificado.

Restará e este como lenço e café quente
Dissipar as dores que trarão a avaria,
E viver às turras com fantasmas consequentes.

26 de fevereiro de 2012

A trilha
















Mira, hombre! Coragem! o eldorado é dos que ousam.
Fere o cerne dessa angústia diária com a imponência
Da tua força. ponteia ao longe com a lança reluzente dos teus planos
A morada que da glória será.deixe que queime a alma,
Porque a vida nessa hora nada mais é que o braseiro do querer.
E se andar mil milhas mais preciso for, cavalga em pensamento
Com a pressa de um sono tranquilo; pense o quanto lhe apetecer.
Desiste de ser ilhéu, hombre! Não existem monstros invencíveis,
Ou tão fortes quanto aquilo que marcha em teu peito, quanto aquilo
O que enxerga o teu desejo mais sincero.
Vê que ainda não sangras, que não choras condizentemente
Aos solavancos de horas cruéis, às noites em que sabatinas
A ti próprio, exigindo-se solucionar, fazer chegar
Ao fim que espera, dessa incrivelmente fatigante caminhada.
Sabemos! os derradeiros degrais se agigantam impetuosamente
Ante o guerreiro já esbaforido, tolhidas já algumas aspirações,
A couraça da razão minada; transpassada pelas flechas do desânimo.
Ainda ajoelhará, morrerá..., para que depois ascenda
Ao lugar mais alto, onde vitória tua se esconde: debaixo das asas
Da mulher que amas, esquecendo sem remorso o tolo orgulho
De inabalável, aprisionado a ela no mais forte abraço;
Numa inesquecível cama.

19 de fevereiro de 2012

A maioridade do fascínio
















Pararemos, um no olhar do outro, a contemplação será inexplicável.
Sob a sanha da força que manda, desmanda, emaranha...,
O mergulho será tão profundo ao ponto de, possivelmente, nunca mais voltarmos.
Nossos corpos serão terras inalcansáveis, ininteligíveis, com exceção apenas dos nossos olhos;
Trancafiadores propositais de nós, porque hão de delatar-nos aos que ainda aspirarão êxito igual.
Serão nossos olhos o portão do mais belo paraíso perdido em nós, só em nós.
A esperar pelo sonho real no qual nos transformaremos, estará uma cama de beijos,
Um lençol de abraços, e uma nuvem de sorrisos inexpugnáveis.
Seremos o paradeiro último de todo e qualquer pensamento nosso, só nosso.
E nos amando  sem saber migalhas de amor
Morreremos, para Deus e o mundo, sugados sem resistir
Pela maioridade do fascínio.

5 de fevereiro de 2012

No oceano da poesia




















Desviando-me da sombra da encosta, do canto-descanso dos rochedos,
Via a nau tomar o rumo dos segredos que o horizonte dispensou-me prestativo à revelar.
" Timoneiro!", Bradava o vento enfunador, vê e ambiciona com a emoção da primeira conquista.
Um revoltoso mar de versos tirava-me à dançar desafiante, sem saber que eu debutaria,
Honraria agora uma coragem de antigos medos herdada.
Eu, único rato da embarcação, cravava em mim naqueles instantes a certeza de que
Terra firme era brisa das solidões, as tempestades vistas pela janela, a calmaria patética,
O não chegar a lugar algum (fonte inesgotável de inspiração).
Uma vez lançando, não tens mais berço pra voltar que lhe retenha em braços de sossego
E prenda-te.
Desde o desvio sou a direção que me apetece, o sal que impede que do mar se beba,
A alma do prazer dessa liberdade solitária.

15 de janeiro de 2012

Meus versos seus















Fostes embora e nem parece.
Durmo no teu colo todas as noites,
Vibro com as respostas que não destes
Furto-me do desesperar e seus açoites.

Lanço o meu olhar aos verdes campos
E transbordo vendo-a bela entre as roseiras;
Como ave mais feliz em brincadeiras
Vens e vais, minha canção de acalanto.

Tu não sabes, viviane, o quanto a quero,
Não mensuras a pieguice qual atinjo
No sonhar-te desvairado a todo tempo;
Que entre lágrimas de álcool mais te sinto.

Quando senta-te divina frente a mim
E desvenda as minhas dores com carinho,
Eu já sinto perdoado e mais feliz
O poema mais ousado que assino;

Essa obra à maioria é indiferente,
Pois é choro e riso manso que bem sabes
Ser prova de um sentir obediente,
Ser a onda do amor que mais me invade.

Tenho sempre em minhas mãos calor das suas
Quando escrevo e me derramo na entrega.
Tenho sempre o seu olhar à luz da lua
Vigiando o meu sofrer na vã espera

Se lhe tenho como quero em pensamento
Vai-se embora a minha boa inspiração,
Dou-me as penas que me dão esse tormento
De guardar-lhe no meu pobre coração.