Chove por estes dias. O pior é que não torrencialmente. Antes fossem de águas bravias, Que esse pouco pingar insistente . Chovem chuvas de espera, Daquelas que não lhe deixam sair. Chuvas de triste atmosféra Que nos impede um mínimo sorrir. São-me as chuvas mais vazias, Ante as que regavam o nosso sonhar..., Que florescer o broto dos desejos fazia; São-me as chuvas de um verão cruel, Apartando dos lençóis aquele mel Que à nossa alcôva no inverno abastecia.